Ativos iguais, plano de manutenção igual?
Ativos iguais, plano de manutenção igual?
O que mais podemos verificar em processos produtivos industriais são ativos iguais não é mesmo? E claro, quando falamos em manutenção desses ativos, é necessário que eles tenham um plano de manutenção (PM).
E nada mais normal é que quando temos duas ou mais máquinas e/ou equipamentos iguais, é que seus planos de manutenção sejam os mesmos. Mas segundo os princípios da manutenção moderna desenvolvidos na jornada para a Manutenção Centrada na Confiabilidade – RCM, isso pode não ser válido totalmente.
Só recapitulando, tais princípios de Manutenção Moderna focados na preventiva, são elencados com base nos ‘Fundamentos da Engenharia de Manutenção’, descrito no manual da NAVSEA.
E qualquer que seja as estratégias de manutenção, para serem confiáveis devem ser baseados nesses princípios. E hoje na sequência sobre o tema, vamos falar sobre o 6º princípio da Manutenção moderna: “Ativo igual/semelhante não significa manutenção idêntica”.
Ativos iguais não significa manutenção idêntica
Só porque duas máquinas ou equipamentos são iguais não significa que eles precisam do mesmo plano de manutenção. Na verdade, eles podem precisar de algumas tarefas de manutenção completamente diferentes.
E esse conceito se aplica tanto para máquinas como para equipamentos, lembrando que eles tem conceitos distintos. É muito comum, não normal, profissionais em geral se referir a uma máquina como se fosse um equipamento.
E isso é um erro pois são totalmente diferentes em seus conceitos. Para melhor entendimento desse sexto princípio, antes vamos esclarecer essa diferença.
Máquina
Uma máquina é um sistema físico robusto que usa energia para aplicar forças e controlar movimentos para executar uma ação. As máquinas são sistemas complexos que consistem em elementos estruturais, mecanismos, equipamentos, dispositivos, peças e componentes.
Equipamento
Equipamentos são itens que auxiliam na execução de tarefas específicas, isoladamente ou em conjunto com outros itens.
São itens normalmente de pequeno porte que podem executar uma operação isoladamente ou fazerem parte de um sistema complexo como uma máquina. Exemplos de equipamentos: motor elétrico, furadeiras, bombas centrífugas, redutores, etc.
O estudo do manual NAVSEA
Aqui temos que enfatizar que nesse estudo fica claro que a afirmação desse princípio tem muito a ver com equipamentos. Isso porque nesse estudo se procurou melhorar planos de manutenção do setor de aviação.
E considerando uma avião como uma “máquina”, o foco era entender como eliminar as falhas nos itens que compõe toda a aeronave. Itens focados nos equipamentos que tem em sua composição: peças, componentes, dispositivos e sistemas em geral.
Entendendo o princípio: ativos iguais, plano de manutenção igual?
Na elaboração de planos de manutenção normalmente ativos iguais/semelhantes sempre terão as mesmas atividades. Mas o mais importante é que durante essa elaboração devemos considerar o contexto operacional.
E um dos fatores a ser considerado e essencial é o item da criticidade do ativo, seja uma máquina ou um equipamento. Quando fazemos a classificação ABC de um ativo já contemplamos itens importantes para definir essa criticidade.
Para cada fator um parâmetro de definição se o ativo é A, B ou C, parâmetros que são:
“S” de Segurança e Meio Ambiente;
“Q” de Qualidade do produto/
“O” de Condição de operação ;
“E” de Condições de entrega (Delivery);
“P” de Índices de paradas – Confiabilidade, e;
“M” de Manutenibilidade.
Máquina ou equipamento, a grande diferença
Nesse contexto de: “ativo igual/semelhante, planos de manutenção iguais?”, é bem diferenciado quando tratamos de uma máquina ou de um equipamento.
Uma diferença no nível da criticidade pode significar que provavelmente teremos diferentes necessidades de manutenção. Máquinas e equipamentos críticos quanto a segurança ou produção precisarão de mais atenção do que o mesmo ativo com baixa criticidade.
Portanto é importante reforçar que ativos idênticos/semelhantes podem precisar de diferentes requisitos de manutenção. Isso é muitas vezes esquecido ou simplesmente ignorado por falta de conhecimento ou simples conveniência. O problema é que podemos nos deparar com falhas críticas ignorando esse conceito básico.
O grande diferencial desse princípio é que ao tratarmos desse conceito com base no manual da NAVSEA, precisamos distinguir máquina de equipamento.
E porque isso, simplesmente porque no contexto de manutenção é fácil entender que planos de manutenção são distintos entre um e outro.
Equipamentos é essencialmente único para uma determinação função, o que faz deles ativos com planos de manutenção que tem mais probabilidade de ter diferentes atividades entre si. Vamos exemplificar para ficar mais fácil de entender.
Exemplo de PM para equipamentos:
Um motor elétrico é o exemplo clássico disso, podemos ter inúmeros motores iguais numa planta fabril, mas seu contexto de uso são totalmente distintos.
O motor “A” tem uso crítico e opera em máxima velocidade em torno de 20 horas por dia, enquanto o motor classificado como “C” tem uso esporádico e opera em baixa velocidade e por poucas horas por dia.
Fica obvio que o plano de manutenção preventivo desses motores apesar de idênticos, não deveriam ser iguais. E a base dessa conclusão é quando se trata dos modos de falhas possíveis desses motores.
Vários fatores podem definir essa diferenciação dos PM, tais como: umidade; temperatura; sujidade; local de instalação; transmissão acoplada; etc.
Exemplo de PM para máquinas:
A máquina “A” trabalha 21 horas/dia em 90% da sua velocidade nominal e sem paradas de final de semana, ou seja, um ativo crítico para o processo produtivo.
Enquanto temos um ativo “C” igual, que igualmente trabalha 14 horas/dia em 80% da sua velocidade nominal, mas pára aos sábados e domingos por ter uma demanda contratada.
Por se tratar de uma máquina que contem diversos equipamentos como motores, e outro itens , o plano de manutenção deve diferenciar algumas atividades entre esses ativos.
E com certeza a elaboração do PM é mais crítico do que para um equipamento, por ser um sistema bem mais complexo. E no caso de máquinas, quando falamos de manutenção preventiva, a sua periodicidade se torna outro item crítico.
Conclusão
Essa situação de ativos iguais/semelhantes, mas com criticidades diferenciadas é muito comum no meio industrial. E como vimos até agora, são muitos fatores que corroboram para a necessidade de um tratamento de manutenção diferenciado entre um e outro.
E isso fica mais acentuado quando falamos de equipamentos, que como vimos aqui, são diferentes em seu conceito básico em relação as máquinas. Alguém pode questionar e dizer que as atividades devem ser iguais e tratar somente da periodicidade, o que não estaria errado.
Mas como visto aqui, a grande questão são os modos de falhas que podem mudar significamente. Isso quando incluímos os diversos fatores que implicam na diferenciação do uso de cada um desses ativos.
Precisando elaborar ou melhorar o plano de manutenção de seus ativos? Entre em contato conosco que podemos ajudar.