Termografia em linhas de transmissão

Luis Cyrino
16 ago 2015
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Termografia em linhas de transmissão

Dentro das muitas funcionalidades importantes da Termografia dentro da Manutenção Preditiva, estão as inspeções em linhas de transmissão que com certeza é uma atividade das mais difíceis devido as suas particularidades inerentes ao processo da inspeção termográfica e que podemos citar tais como:

Condições ambientais

Com certeza uma grande particularidade para a execução da Termografia em linhas de transmissão, são seriamente impactadas por condições do ambiente que podem de várias maneiras influenciarem os resultados dessa inspeção.

Então imaginem fazer essa inspeção com a interferência da atmosfera, a temperatura ambiente, a umidade relativa do ar, das mudanças climáticas, ventos com velocidade considerável, a radiação solar, enfim são muitas variáveis que podem ocultar pequenas diferenças térmicas que poderiam ser indicativas de defeito.

Porte estrutural

Outra situação que gera dificuldades são as dimensões estruturais dessas linhas de transmissão, torres extremamente altas e em sua maioria localizadas em áreas de muita vegetação e terrenos irregulares que dificultam seu acesso para as inspeções terrestres e reparos necessários.

Diante das dificuldades expostas, as inspeções nas linhas de transmissão são feitas normalmente de duas maneiras, via terrestre e via aérea. E nesse tipo de inspeção aérea é onde são realizadas as inspeções termográficas onde são verificados alguns itens como cabos e junções, verificação do efeito corona nos cabos e isoladores e isoladores entre outros.

A atividade de manutenção em linhas de transmissão é regulamentada pela ONS, através dos “Procedimentos de Rede” referentes ao “Acompanhamento da Manutenção dos Sistemas Elétricos”, com o objetivo da padronização das operações.

Conforme informações do Anexo da ANEEL em seu “Plano Mínimo de Manutenção”, temos algumas instruções para a manutenção das linhas de transmissão entre elas o uso da Termografia descritas a seguir:

Item 8. Linhas de Transmissão

8.1- As atividades mínimas de manutenção para as linhas de transmissão são:

  1. a) Inspeção Terrestre;
  2. b) Inspeção Aérea.

8.2- A inspeção terrestre e a inspeção aérea devem ser realizadas, no mínimo, a cada doze meses e em períodos não coincidentes, preferencialmente intercaladas a cada seis meses (antes do início do período chuvoso e antes do início do período de queimadas).

8.3- Nas inspeções terrestres deverão ser verificados: o estado geral da linha de transmissão, a estabilidade das bases das estruturas quanto a erosões e desbarrancamentos, a situação dos estais, a situação dos aterramentos (contrapesos), a situação dos acessos até as estruturas, a proximidade da vegetação aos cabos, a possibilidade de queimadas e a possibilidade de invasão da faixa de servidão.

8.4- Nas inspeções aéreas deverão ser verificados: o estado geral da linha de transmissão, a integridade das cadeias de isoladores, a verificação de pontos quentes, a integridade dos cabos para-raios, a estabilidade das estruturas, a aproximação da vegetação aos cabos e a possibilidade de queimadas.

8.5- A partir dos resultados das inspeções terrestres e aéreas regulares deve ser avaliada a necessidade de inspeções terrestres detalhadas com escalada de estruturas, inspeções termográficas, inspeções noturnas para observação de centelhamento em isolamentos ou de inspeções específicas para identificação de defeitos (oxidação de grelhas, estado de parafusos de sustentação de cadeias, danificação de condutores internos a grampos de suspensão ou espaçadores, danificação de isoladores de pedestal, etc.).

8.6- Devem ser realizadas inspeções adicionais nas áreas com risco potencial de vandalismo (trechos urbanos com alta concentração demográfica), áreas de implantação industrial (com alta concentração de poluentes) e áreas junto ao litoral.

8.7- Nos relatórios de inspeção de linhas de transmissão deve constar registro fotográfico dos pontos relevantes que permita a verificação da limpeza da faixa de servidão e do tipo e altura da vegetação circunvizinha. Devem ser registradas a data e a hora das fotografias e as coordenadas geográficas dos pontos em que elas foram tiradas.

8.8- As concessionárias deverão manter cadastro atualizado das linhas de transmissão, contendo as restrições ambientais, o tipo de arborização existente sob as linhas e as periodicidades de podas e roçadas recomendadas.

Nas próximas publicações continuaremos com o tema das técnicas ou métodos da manutenção preditiva. Deixe seu comentário, sua opinião é muito importante.

Comentários

4 respostas para “Termografia em linhas de transmissão”

  1. Giovani Eduardo Braga disse:

    Não sabia que o ONS tinha esta regulamentação. Aliás eu nem sabia que o ONS regulamentava. Achava que só a Aneel fazia isto. Mas de qualquer forma não fala nada sobre termografia. Muitas empesas de transmissão não fazem termografia. Devido a tensões mais elevadas e cargas mais baixas, é mais difícil ocorrer anomalias térmicas.

    • Luis Cyrino disse:

      Essa matéria contempla a termografia em linhas de transmissão que fazem parte do “Plano mínimo de Manutenção” definido pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e são relatadas nos itens 8.4 e 8.5 dessa norma. Como um ativo da união cabe a ANEEL a fiscalização da manutenção dessas linhas de transmissão, portanto as empresas que tem a concessão sobre essas linhas tem a obrigação legal no cumprimento desta e de muitas outras normas para garantir sua conservação.

      • Giovani Eduardo Braga disse:

        Na verdade a Aneel exige que o concessionário tenha um plano de manutenção e fiscaliza a execução deste plano. A inspeção termográfica não é obrigatória se o concessionário assim especificar em seu plano de manutenção.

  2. Além da linhas de transmissão os transformadores de distribuição deveriam passar por uma inspeção por termografia, deveria fazer parte da rotina de manutenção como forma preditiva.

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