Curtume – Indústria do couro

Luis Cyrino
8 nov 2021
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Curtume – Indústria do couro

Curtume é o nome dado ao processo produtivo do couro ainda em seu estágio inicial, ou seja, couro cru. São empresas responsáveis pela preparação do couro para que seja utilizado na produção de diferentes produtos e acessórios.

Os atributos naturais do couro, aliados à tecnologia, à pesquisa e à moda, resultam invariavelmente em artigos com a marca da beleza, da sofisticação e da qualidade.

A indústria curtidora brasileira concebe, estação após estação, produtos cada vez mais eficientes e ligados à sustentabilidade para os mais exigentes mercados nacionais e internacionais.

O couro brasileiro tem status qualitativo e também quantitativo, uma vez que país é um dos maiores produtores do mundo, com forte inserção nos segmentos moveleiro, calçadista e automotivo.

Cadeia produtiva de Curtumes

Segundo a CICB – Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, o Brasil tem 244 plantas curtidoras, 2.800 indústrias de componentes para couro e calçados e 120 fábricas de máquinas e equipamentos. Com esses números, gera em torno de 30 mil empregos diretos e movimenta US$ 2 bilhões a cada ano.

Segundo dados do site Beefpoint, a cadeia produtiva do couro sempre foi reconhecida como complexo industrial coureiro-calçadista pelo mercado.

Mas isso mudou e bastante devido a crescente utilização dos fabricantes de calçados em geral, por outro tipo de matéria prima. Ou seja, caiu bastante a utilização do couro curtido devido ao crescente uso dos materiais sintéticos.

Essa mudança ocorreu por questões de custos e de mercado, e uma nova realidade se instalou no mercado de couro. O perfil da cadeia produtiva do couro hoje é outro, perdeu espaço na indústria do calçado e entrou novos segmentos.

Agora a cadeia produtiva do couro além de ainda servir a indústria do calçado, em menor escala, atende de forma crescente a indústria automobilística, moveleira e de artefatos.

Beneficiamento do couro

Quando um couro cru chega ao curtume, ele precisa passar por um longo processo de trabalho antes de chegar até a mão de quem irá trabalhar a pele. Por isso, temos alguns processos no beneficiamento do couro até que o mesmo chegue no nível de produto acabado. São eles:

Processos de ribeira

Esta etapa tem várias finalidades, dentre elas a limpeza e a eliminação das diferentes partes e substâncias das peles que não irão constituir os produtos finais, o couro.

Também tem a finalidade de preparar sua matriz de fibras colagênicas (estrutura proteica a ser mantida), para reagir adequadamente com os produtos químicos das etapas seguintes, o curtimento e o acabamento.

Em geral, a ribeira compreende as etapas desde o pré-remolho até a lavagem após a descalcinação e purga ou até o píquel, realizado antes do curtimento

Processos de curtimento

São etapas de difusão e fixação de substâncias de curtimento. Esse curtimento é um processo que consiste na transformação das peles, pré tratadas na ribeira, em materiais estáveis e imputrescíveis, ou seja, a transformação das peles em couros.

Pode ser classificado em três tipos principais: mineral, vegetal e sintético. Normalmente, esse processo é também é realizado em fuloes.

Processos de acabamento

São operações que podem ser subdivididas em três etapas: acabamento molhado, pré acabamento e acabamento final.

Acabamento molhado: O acabamento molhado corresponde às etapas desde descanso e enxugamento até o engraxe dos couros.

Pré-Acabamento: No pré-acabamento vai desde as operações cavaletes, estiramento e secagem até a impregnação. Todas as operações físico-mecânicas, sendo que nesta última, aplica-se produtos à superfície dos couros.

Acabamento final: O acabamento final é o conjunto de etapas que confere ao couro apresentação e aspecto definitivo. Compreende as três operações finais antes da expedição ou estoque dos couros acabados: acabamento, prensagem e medição.

Máquina descarnadora/rebaixadeira

  As máquinas são usadas na preparação do lado da carne de peles e couros.

Elas removem as fibras e deixam uniforme a espessura de couros, usando lâminas afiadas montadas num cilindro rotativo espiral.

A afiação constante das lâminas é garantida por um carro móvel de polias amoladoras.

O fulão se consiste de um tambor rotativo, cilíndrico, fabricado de madeira, com constituintes adicionais em ferro fundido ou aço para reforço ou tracionamento do equipamento.

No interior do fulão são misturados água, produtos químicos e o couro para que a ação mecânica de rotação do equipamento auxilie nas reações físico-químicas, necessárias para o êxito do processo de preparo de peles.

Em curtumes, é no fulão onde se desenvolve os processos de caleiro, curtimento, recurtimento e tingimento, os quais são feitos molhados e com presença de produtos químicos, porém, o fulão também pode abrigar processos onde não se mistura água, denominados processos a seco, como o amaciamento do couro.

Além de curtumes, o fulão tem aplicações conhecidas em diversos segmentos como: na indústria alimentícia para fabricação de gelatina e colágeno; em curtumes que produzem alimentos para a linha pet; indústrias e laboratórios de desenvolvimento e testes de produtos químicos; indústrias que trabalham com tingimento de fibras diversas ou lavagem em geral.

Máquina divisora de couro

A máquina de dividir couros é indispensável pela sua enorme produtividade e sua precisão absoluta, mesmo nas divisões mais finas. Se emprega esta máquina sobretudo para igualar e dividir cortes de sapatos, carteiras, bolsas, cintos e outros artigos de qualquer tipo de couro.

E temos ainda outros tipos de máquinas e equipamentos utilizados nos processos de produção de couros, tais como:

  • Estufa de secagem
  • Equipamentos para tratamento de efluentes
  • Cabine de pintura
  • Empilhador de couro
  • Lavador de névoa
  • Máquina de medir couro

Manutenção em curtumes

A importância dada pelos curtumes em geral quanto à manutenção de máquinas e equipamentos é algo preocupante. Segundo dados de 2016 (fonte: IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial), somente 10,1% das empresas pesquisadas citaram a preocupação em investir na manutenção de seus ativos.

A maior parte dos curtumes citou investir em máquinas e equipamentos mais modernos, com 33% das opiniões. Em seguida, outros 30% dos pesquisados acreditam que investir no treinamento em equipe aumenta a produtividade.

Não são dados recentes infelizmente, com uma grande defasagem de tempo até os dias atuais. O que acredito é que a manutenção em curtumes trabalha bastante com equipes de terceiros para certas máquinas.

Mas temos muitos equipamentos e instalações que com certeza são realizadas por equipes internas. Independentemente de um ou de outro, as estratégias de manutenção deveriam ser uma das prioridades. E não é isso que conseguimos visualizar nos últimos dados da IEMI, apesar de defasados.

Temos atualmente o grande uso das técnicas preditivas como o monitoramento online de equipamentos como grande destaque. E outras técnicas importantes como análise Termográfica e análise de óleo. Confira mais sobre essas técnicas e entenda o quanto isso é importante para a manutenção de máquinas e equipamentos.

 

 

Fonte:

https://www.crdfuloes.ind.br/fuloes

https://cicb.org.br/cicb/sobre-couro

https://www.beefpoint.com.br/o-novo-perfil-da-industria-de-couro-38317/

https://agro20.com.br/curtume/

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