ISO 56002 – Gestão da Inovação

Luis Cyrino
22 jul 2022
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ISO 56002 – Gestão da Inovação

A ISO 56002 é uma norma bem recente, lançada em 2019 e que surgiu para tratar de um tema bem atual, a Gestão da Inovação. Essa norma como outras normas ISO, visa padronizar as terminologias, ferramentas, métodos e interações entre partes interessadas.

A globalização dos mercados de negócios traz consigo a necessidade de apresentar produtos e serviços cada vez mais eficientes. E para isso não basta gerar novas ideias, junto a isso é preciso agregar valor para seu cliente.

Claro que muitas inovações tem acontecido atualmente, mas a norma em questão trouxe a necessidade de se criar padrões para um sistema de gestão.

ISO 56002, um fator chave nas Organizações

Segundo a ISO International Organization for Standardization, ter a capacidade de inovar das organizações, se torna um fator chave para um crescimento sustentável. Torna o negócio viável no âmbito econômico, aumento do bem-estar e desenvolvimento da sociedade.

A capacidade de inovação das organizações é entenderem e propor mudanças em meio ao contexto das necessidades globais. Incentivar ideias e novas oportunidades, fomentar a capacitação, conhecimento e criatividade de suas equipes. E principalmente, não deixar de entender as necessidades das partes externas interessadas, os seus clientes.

Pensando nesse contexto, a ISO 56002 trata de um sistema de gestão da inovação para tornar mais eficaz e eficiente todas as atividades necessárias.

Com isso uma organização pode consolidar sua visão, estratégias, políticas e objetivos voltados para a inovação. Dessa forma pode estabelecer suporte e os processos necessários para o alcance dos resultados esperados.

O que esperar da implementação da ISO 56002

Os benefícios potenciais da implementação de um sistema de gestão da inovação de acordo com a norma ISO 56002 são:

  • maior capacidade de gerenciar incertezas;
  • aumento do crescimento, receitas, rentabilidade e competitividade;
  • redução custos e desperdícios, aumento da produtividade e eficiência de recursos;
  • maior sustentabilidade e resiliência;
  • aumento da satisfação dos usuários, clientes, cidadãos e demais interessados;
  • renovação sustentada do portfólio de ofertas;
  • pessoas engajadas e capacitadas na organização;
  • maior capacidade de atração de parceiros, colaboradores e financiamento;
  • melhoria da reputação e valorização da organização;
  • facilita o cumprimento de regulamentos e outros requisitos relevantes.

Princípios de gestão da inovação

A norma traz alguns princípios que norteiam o porquê implementar um sistema de gestão da inovação. Uma justificativa do porque cada princípio é importante para a organização e seus benefícios associados.

Os princípios base da ISO 56002 – Sistema de gestão da inovação são:

  • realização do valor;
  • líderes com foco no futuro;
  • direcionamento estratégico;
  • cultura;
  • explorar insights;
  • gestão da incerteza;
  • adaptabilidade;
  • abordagem sistêmica.

Sistema de gestão da inovação – ISO 56002

Um sistema de gestão da inovação é um conjunto de elementos inter-relacionados e interativos, visando a realização de valor. A implementação eficaz do sistema de gestão da inovação depende do comprometimento da alta administração. E também da capacidade dos líderes de promover as possibilidades e cultura de apoio às atividades de inovação.

No contexto da norma (item 0.3.2), é citado o uso do ciclo PDCA como ferramenta eficaz para permitir a melhoria contínua do sistema de gestão da inovação.

O uso do ciclo PDCA permite garantir que as iniciativas e processos de inovação sejam adequadamente apoiados, com recursos necessários e gerenciados. E que as oportunidades e riscos sejam identificados e abordados pela organização de modo amplo.

Gerenciando incertezas e riscos (item 0.3.3)

Neste tópico a norma aborda que as atividades de inovação precisam abordar altos graus de variação e incerteza. Isso fica mais evidente, principalmente durante as primeiras fases onde surgem as ideias. Essas ideias normalmente são exploratórias, precisam de experimentos e aprendizado.

Conforme essas atividades avançam, o conhecimento vai sendo adquirido e por consequência, as incertezas são reduzidas. O que podemos entender num processo de melhoria e inovação é que nem todas as iniciativas darão os resultados esperados.

Gerenciar e assumir riscos faz parte de todo esse processo e conforme o grau dos riscos e aprendizado com eles, pode resultar em grandes inovações.

O conteúdo desta norma ISO 56002 refere-se à família de normas ISO 56000, desenvolvida pela ISO/TC 279, como segue:

  1. a) ISO 560001) Gestão da inovação;
  2. b) Avaliação da gestão da inovação ISO TR 56004;
  3. c) Gestão da inovação ISO 56003 — Ferramentas e métodos;
  4. d) e normas subsequentes.

Escopo da ISO 56002

A ênfase dessa norma é entender as necessidades das partes interessadas, tanto as internas como as externas (principalmente).

Para determinar o escopo do sistema de gestão da inovação, a organização deve determinar sua intenção, limites e aplicabilidade do sistema de gestão. E também deve considerar segundo a norma:

  1. a) questões externas e internas e as áreas de oportunidade;
  2. b) necessidades, expectativas e exigências relevantes das partes interessadas;
  3. c) interações com outros sistemas de gestão.

Alguns fatores devem ser considerados pela organização ao definir o escopo do sistema de gestão da inovação. São fatores como, processos, estruturas, funções, parceiros, cobertura geográfica e de tempo, que estão dentro ou fora do escopo. Esse escopo deve ser revisado e alterado quando necessário e estar disponível como informação documentada.

Mudanças requerem disciplina

Como em todo tipo de implementação de metodologias de trabalho, existe a grande necessidade do engajamento de todos os envolvidos. Por isso é importante um trabalho de promover uma cultura que apoie todas as atividades de inovação.

O objetivo é permitir a interação de mentalidades e comportamentos criativos orientados para a operação, pois ambos são necessários para inovar. Outro item que a norma destaca é a colaboração, tanto das partes interessadas internas e externas.

Essa colaboração visa o compartilhamento e o acesso ao conhecimento, competências e outros recursos. Para que a norma seja entendida e aplicada corretamente temos outros tópicos que são abordados na sequência:

Liderança (item 5)

Liderança, um papel estratégico quando o assunto é a implementação de mudanças numa organização. Um tópico que trata se alguns temas, como:

  • Liderança e comprometimento;
  • Foco na realização de valor;
  • Visão de inovação;
  • Estratégia de inovação;
  • Estabelecimento da política de inovação, e;
  • Funções, responsabilidades e autoridades organizacionais.

Planejamento (item 6)

Ao planejar o sistema de gestão da inovação, a organização deve considerar as questões internas e externas, e determinar as oportunidades e riscos que precisam ser abordados. Os temas tratados neste tópico são:

  • Ações para lidar com oportunidades e riscos;
  • Objetivos de inovação e planejamento para alcançá-los;
  • Estruturas organizacionais, e;
  • Portfólios de inovação.

Suporte (item 7)

Será preciso disponibilizar em tempo hábil os recursos necessários para o estabelecimento, implementação, manutenção e melhoria contínua do sistema de gestão da inovação. Recursos voltados para as pessoas, equipes, para o conhecimento, parte financeira e infraestrutura.

Trata ainda de alguns outros tópicos: competências; campanha de conscientização; comunicação; informações documentadas; ferramentas e métodos; gestão estratégica de Inteligência, e gestão da propriedade intelectual.

Operação (item 8)

Para essa implementação da norma, a operação de todos os passos deve seguir as recomendações descrita no documento. Para isso tem os seguintes temas sobre essa operacionalização:

  • Planejamento e controle operacional;
  • Iniciativas de inovação, e;
  • Processos de inovação.

Avaliação de desempenho (item 9)

Em se tratando de uma norma sendo implementada, é necessário fazer as avaliações necessárias de todo esse trabalho, em todas as suas fases. Nesse tópico temos a abordagem dos seguintes itens:

  • Monitoramento, medição, análise e avaliação;
  • Auditoria interna, e;
  • Revisão de gerenciamento.

Melhoria (item 10)

Todo esse processo deve passar constantemente por oportunidades de melhorias com base nos resultados da avaliação de desempenho. E para isso se consolidar, devem ser tratados também todo tipo de desvios, não conformidade e implementar as devidas ações corretivas.

Conclusão

A pergunta que pode “ficar no ar”, é porque uma organização precisaria de uma certificação ISO para a inovação? Essa dúvida ou questionamento pode surgir porque inovar é uma premissa muito atual no contexto dos negócios.

Isso poderia ter uma resposta bem objetiva do porque se certificar numa norma ISO para a inovação. O motivo principal é que a inovação se torna mais complexa e difícil de ser alcançada em ambiente global com mudanças extremamente rápidas.

Portanto a inovação pode ser gerenciada de forma mais eficaz e eficiente usando uma abordagem sistêmica. E essa norma ISO 56002 permite que a organização determine sua visão de inovação, estratégia, política e objetivos.

E com isso possa prover suporte, processos, cultura e colaboração necessários para alcançar os resultados pretendidos.

 

 

Fonte: base do conteúdo e imagem principal retirados da própria norma

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