Falhas ínfimas

Luis Cyrino
15 set 2021
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Falhas ínfimas

Falhas ínfimas é um termo usado na metodologia TPM quando falamos sobre as perdas em máquina e equipamentos. Mas vejamos o que significa a palavra “ínfima” em seu conceito mais amplo. Ínfima é algo sem importância, de pouco ou nenhum valor.

Quando nos referimos a uma quantia muito pequena ou forma e/ou tamanho reduzido. Se refere quando falamos de tamanho, força, dimensão, quantidade, peso ou volume. Como dito acima, na metodologia TPM é mencionada na categoria dos vários tipos de perdas.

Traz como conceito que são as inconveniências de difícil detecção e/ou visualização. São eventos que contribuem para o surgimento de quebra/falha ou defeitos e não consideradas de grande vulto.

Por isso se caracterizam como falhas ínfimas, mas que de alguma maneira prejudicam o processo produtivo. Podemos citar como exemplos de falhas ínfimas a poeira, manchas, pequenos vazamentos ou pequenas folgas, etc.

Por que se preocupar com as falhas ínfimas?

A metodologia TPM traz em um de seus conceitos que devemos entender os tipos de perdas nos processos produtivos. Temos vários tipos de perdas relacionadas com defeitos, quebras, mão de obra entre outras.

As falhas ínfimas são normalmente desconsideradas por parecerem que não trazem maiores consequências. E aí que a metodologia TPM enfatiza o quão importante é entender esse tipo de falhas.

E porque devemos nos preocupar com esse tipo de falha? Simplesmente devemos nos atentar para esse tipo de falha por três bons motivos:

  1. Perda de rendimento no processo produtivo
  2. Evolução da falha podendo chegar até a quebra
  3. Qualidade prejudicada gerando retrabalho ou perda

Surgimento das falhas ínfimas

As falhas ínfimas surgem de modo normalmente oculta, imperceptível e silenciosa aos nossos sentidos. No dia a dia do pessoal operacional acontecem situações onde pequenos eventos em máquinas e equipamentos passam despercebidos. E mesmo o pessoal da Manutenção pode não perceber esses pequenos eventos e passar “batido”.

Temos vários eventos que se deve identificar para conter o surgimento desse tipo de falhas, a meu ver seriam:

Sujidade

O excesso de sujidade ou sujeira como queiram, é um dos principais problemas na ocultação de problemas em máquinas e equipamentos. Primeiro que a sujeira precisa ser identificada qual a sua fonte, porque está acumulando essa sujeira.

E não menos importante, identificar que tipo de sujeira é essa. Sabemos que uma fonte de sujeira pode ser um indicativo de problemas como algum tipo de desgaste.

Pode ser alguma peça, correias, correntes e itens diversos que compõe partes de uma máquina. E por fim, eliminar essa fonte de sujeira, uma das etapas importantes do pilar MA da metodologia TPM.

Vazamentos

Vazamentos são eventos que nos indicam problemas e muitas vezes isso é negligenciado por vários motivos. Ou porque se acha que é insignificante ou porque não está sendo visualizado ou sentido. Isso porque as vezes temos partes de uma máquina que são de difícil acesso.

E por falta de uma inspeção e limpeza isso acaba passando batido. Pior que isso é quando se percebe uma falha, já é tarde, o problema já “ganhou” proporções de muito prejuízo.

Estamos falando de diversos tipos de vazamento como de ar comprimido, óleo, graxa, produtos de processo, água e outros.

Folgas

Outro item que pode gerar pequenas falhas e não perceptíveis são as folgas de mecanismos e peças em geral. Isso pode se “esconder” por itens descritos acima como sujidades e vazamentos.

Ou mesmo por algum tipo de folga estar originando essa sujidade ou esse vazamento. Imaginem uma transmissão eixo e mancal de bronze com uma folga além do normal, vai gerar perda de lubrificante com vazamento da graxa e gerar sujeira.

Por falta de inspeção e limpeza isso vai ganhar proporções maiores afetando a máquina de várias maneiras. E isso também pode acontecer pelo motivo de um local de difícil acesso onde limpeza e inspeção não tem uma frequência adequada.

Aquecimento

Falar em aquecimento numa máquina ou equipamento em funcionamento pode parecer complicado. Até que ponto um aquecimento de algum item/componente do ativo pode ser considerado normal?

Essa percepção é necessária e alguns pontos devem ser identificados como pontos de verificação por meio dos nossos sentidos. Isso pode ser feito durante uma inspeção ou mesmo com o ativo em funcionamento, de forma segura, é claro.

O pessoal operacional precisa ter essa sensibilidade de identificar que algo está com aquecimento acima do normal. Junto com a Manutenção isso precisa ser identificado e inserido num checklist de inspeção. Itens importantes da máquina e de difícil detecção podem ser verificados com uso da tecnologia via Técnicas Preditivas.

Vibração

Parecido com a descrição do aquecimento, uma vibração fora da normalidade dificilmente é percebida em seu estágio inicial. Portanto se faz necessário entender pontos da máquina que uma vibração em excesso é possível e precisa ser contida.

São necessários a identificação desses pontos para serem checados com a máquina em funcionamento. Isso sempre respeitando as normas de segurança quando esse trabalho usar nossos sentidos.

Mas como mencionado no item “Aquecimento”, temos o uso da tecnologia a nosso dispor. São as técnicas preditivas de monitoramento da análise de vibração utilizando sensores que avaliam temperatura e vibração.

Ajustes/medições

O excesso de ajustes ou medições durante um processo produtivo ou manutenção pode ser indicativo de falhas ínfimas.

São problemas que podem ser originados por mecanismos com algum funcionamento deficiente e não perceptível. Ou por problemas oriundos de matéria prima ou insumos com alguma especificação irregular e não detectada.

Manutenção e operação precisam ter esse entendimento de que ajustes e/ou medições além do necessário é indicativo de problemas. E por serem normalmente pequenos reparos podem ser ignorados como um problema e “vamos em frente”.

Eliminando as falhas ínfimas

Uma vez identificado os tipos de eventos que se caracterizam como uma falha ínfima, é obvio que eliminar as mesmas é o objetivo. E podemos tratar essas falhas usando as mais variadas ferramentas de análise de falhas.

E esse trabalho pode e deve ser realizado em conjunto, Operação e Manutenção. Um trabalho de identificação de anormalidades que podem não estar gerando grandes problemas, mas que podem se agravar.

Essas chamadas falhas ínfimas podem se tornar problemas crônicos, aquele probleminha que já se considera como “normal” da máquina.

E isso é um grande erro pois como podemos comparar com o dito popular “de grão em grão a galinha enche o papo”, nesse caso, de falhas ínfimas aqui e ali, um grande problema pode surgir.

Conclusão

Fica muito claro que o entendimento dos mais variados tipos de falhas é importante, e que as falhas ínfimas são chatas e inconvenientes. Também fica claro que a união da Operação e Manutenção é essencial no combate a esse tipo de falha.

Outra dica importante falamos em outro artigo onde a necessidade da Manutenção em conhecer bem os Métodos e Processos da área produtiva se torna essencial. Temos muitas técnicas, ferramentas e métodos para fazer um bom trabalho nesse sentido.

E como mencionado anteriormente, a tecnologia pode nos ajudar com as técnicas preditivas para problemas de aquecimento e vibração. Sem mencionar é claro, as técnicas da Confiabilidade que seria um trabalho bem mais aprofundado, englobando todo tipo de falhas.

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